A decisão mais recente do FOMC, divulgada na semana passada, resultou em um novo corte de 25 pontos-base, conforme amplamente esperado, levando a taxa dos fed funds para o intervalo entre 3,5% e 3,75% ao ano. Desde setembro, a velocidade do ciclo de cortes tem refletido uma estratégia explícita de gerenciamento de risco, em resposta ao enfraquecimento mais pronunciado do mercado de trabalho observado ao longo de 2025.
Olhando à frente, entretanto, o cenário para 2026 tende a se tornar mais desafiador. Com a inflação ainda acima da meta e o desemprego próximo ao nível considerado natural, a barra para a continuidade do afrouxamento monetário se eleva, sobretudo quando analisada à luz das regras tradicionais de reação da política monetária.
Conforme apresentado no #VOTW 6, a Regra de Taylor é uma equação que busca refletir o processo de decisão dos bancos centrais, ao equilibrar os efeitos do trade-off entre os mandados de inflação e mercado de trabalho (ou atividade econômica) sobre o nível ideal da taxa de juros. No gráfico dessa semana, atualizamos uma estimativa para essa equação em dois formatos: a versão não inercial, que representa uma taxa ideal nas condições correntes (em linha com o desvio da inflação esperada no horizonte relevante e do grau de aquecimento do mercado de trabalho) e a forma inercial, que suaviza a transição entre a taxa vigente e a ideal, funcionando como uma proxy de melhor aderência para os movimentos do banco central. Além disso, apresentamos ainda um intervalo de estimativas com maior ou menor peso para cada mandato, de forma a considerar possíveis mudanças no balanço de riscos do comitê.
Os resultados sugerem que a decisão da semana passada já aproximou significativamente a taxa corrente das estimativas da Taylor não inercial, limitando o espaço adicional para novos cortes nas condições atuais. Vale destacar que as estimativas permanecem relativamente estáveis mesmo quando se alteram as prioridades entre inflação e emprego, refletindo o fato de que, apesar das expectativas inflacionárias ainda levemente acima da meta, o mercado de trabalho segue muito próximo do seu ponto de equilíbrio.
Ferramentas como a Regra de Taylor ajudam a qualificar e quantificar os argumentos frequentemente apresentados pelos membros do FOMC e oferecem um referencial consistente para antecipar seus próximos movimentos, à medida que novos dados econômicos são divulgados, especialmente em um momento de transição do ciclo monetário.
View of the Week é uma série semanal da Turim que, a partir de um gráfico, apresenta análises e reflexões sobre diversos tópicos relacionados à gestão de patrimônio, mercados, economia, história e tendências.

